A donzela na torre

     Atendemos uma mulher recentemente que me fez lembrar do filme do Shrek, onde a princesa Fiona está presa na torre de um castelo esperando ser salva pelo príncipe encantado. O filme é uma paródia de vários contos de fadas e os aborda de uma maneira muito engraçada, mas a realidade geralmente é mais trágica do que cômica.

    No passado era comum os pais arranjarem casamento para os filhos, geralmente por interesses materiais, em terras e bens, sem levar em conta o sentimento dos filhos. Muitos arranjos eram feitos no nascimento, onde os filhos já eram prometidos em casamento. Mas se por algum motivo aparecesse um casamento melhor não tinham pudor em desmanchar esses acordos.

    Esse foi o caso com o qual nos deparamos, no qual a mulher que atendemos era filha de um senhor feudal. Os pais eram muito ambiciosos, principalmente a mãe dela, e quando ela nasceu procuraram fazer acordo um outro senhor feudal, que tinha mais terras e poder do que eles, para que sua filha se casasse com o filho dele.

    A consulente cresceu muito mimada pelos pais, se achava uma princesa, e sua mãe já contando como certo que a filha se casaria com o filho desse outro senhor feudal, incutiu isso na filha desde pequena, tanto que a própria menina já sentia e se imaginava casada com esse rapaz que ela ainda nem conhecia.

         Porém, quando a moça estava com 16 anos e já com o enxoval pronto para se casar, o pai do rapaz mudou de ideia, encontrou uma outra moça para se casar com o filho, num acordo que para ele era mais vantajoso.

         Quando a moça soube que não se casaria com o tal rapaz, que para ela era um príncipe, ela surtou, teve uma crise psicótica e teve que ser trancada num quarto, pois exigia que os pais cobrassem do pai do noivo que este se casasse com ela.

         A mãe da moça ficou muito decepcionada com essa situação e culpou a filha, pois achava que ela não conseguiu fazer o rapaz se apaixonar por ela, pois se ele estivesse apaixonado não aceitaria se casar com outra moça. A moça não saiu mais do surto, estava inconformada com a situação, e a mãe dela se sentia envergonhada pois alardeava que a filha se casaria com o tal rapaz. Por conta disso a moça ficou o resto de sua vida trancada dentro do quarto, sem poder sair, por ordem da mãe.

         A moça só saiu do quarto quando estava com 38 anos, quando sua mãe morreu e os serviçais que a cuidavam achavam que ela deveria ser libertada. Mas após 22 anos trancada num quarto ela havia enlouquecido de vez e assim que abriram a porta ela saiu correndo para ir atrás do seu príncipe.

         Ela atravessou campos e se embrenhou em um bosque tentando chegar ao castelo do seu prometido, mas estava muito perturbada, não se alimentava direito, ficou febril com a emoção de sair do quarto, acabou desmaiando na floresta e foi devorada por animais.

    Eis que na vida atual a moça reencontra o seu prometido e se casam, mas o príncipe já era casado e se separou para ficar com a moça, o que gerou muitos conflitos entre a moça e a família do príncipe.

         O espírito que foi mãe da moça naquela vida estava próximo dela na vida atual e abriu essa frequência, sintonizando-a com a personalidade que teve naquela existência. 

    Essa mãe de vida passada estava se sentindo vingada, pois o rapaz acabou se casando com sua filha, mesmo que alguns séculos depois, além disso a ex-mulher do príncipe é a mesma com quem ele se casou naquela vida passada.

    Apesar de ter sido mãe da mulher esse espírito era um obsessor, pois estava mantendo a mulher sintonizada com aquela vida passada, o que influenciou seu comportamento na vida atual, onde ela sofre de depressão e já tentou inclusive o suicídio. 

    Tivemos que apagar a mente dessa mãe e a encaminhamos para reencarnação, para assim poder fechar a frequência e cortar a sintonia da mulher com aquela vida passada onde enlouqueceu, pois ela estava a ponto de enlouquecer na vida atual, pois quando abrimos uma frequência e ficamos sintonizados trazemos para o presente a personalidade, mentalidade, sentimentos e energias que tínhamos no passado.

       Essa mulher já fez dois atendimentos a distância num centro espírita e vimos que eles identificaram um trabalho de magia negra que foi feito contra ela e o desmancharam, porém, eles não conseguiram identificar que ela estava com essa frequência de vida passada aberta e nem viram junto dela o espírito obsessor que foi sua mãe, ou se viram acreditaram que fosse um guia ou mentor espiritual.

Gelson Celistre