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sábado, 20 de fevereiro de 2021

Troca de vida

     Quem não tem envolvimento com religiões como Batuque, Candomblé ou Umbanda provavelmente nunca ouviu falar de troca de vida, que é um trabalho de magia onde uma pessoa doente se livra da doença, que é passada para um animal que é sacrificado, ou seja, o animal morre para a pessoa continuar viva.

    A espécie do animal usado no ritual nesse caso depende do tipo de doença que a pessoa tem e do estágio em que se encontra, mas geralmente são animais chamados de "quatro pé", como bode, cabrito, ovelha ou boi. 

    Esse tipo de trabalho de magia ainda é muito comum e já nos deparamos com vários casos. Muita gente não sabe, e agora incluo nesse meio pessoas que frequentam religiões de matriz africana, que também é feita a troca de vida com o sacrifício de pessoas. 

    Quando o caso é grave e a pessoa está muito doente, geralmente com alguma doença que não tem cura ou quando os tratamentos médicos convencionais não surtem efeito, feiticeiros que trabalham com magia negra fazem esse ritual matando uma pessoa, um ser humano. Já nos deparamos com vários casos onde sacrificaram uma pessoa para salvar a vida de outra. A vítima costuma ser sequestrada ou aliciada com a promessa de ganhar alguma coisa, sem saber que vai pagar com sua vida.

    Atendemos uma senhora idosa que está doente e internada num hospital, nesses casos fazemos uma limpeza energética, retirada de obsessores e encaminhamos a pessoa em desdobramento para um hospital no astral para tratamento. Não se trata de troca de vida, o que fazemos é tratar a parte espiritual, os corpos astral e energético, para amenizar o sofrimento da pessoa e para que no caso de desencarne, ela não chegue tão mal do outro lado, onde pode continuar sofrendo.

    O interessante nesse caso é que numa vida passada essa senhora foi uma sinhazinha numa fazenda de escravos que com 15 anos foi acometida de uma doença que estava para levá-la a óbito. Desesperados os pais da sinhazinha recorreram ao pai-de-santo da senzala para curá-la.

    O pai-de-santo tinha muito conhecimento de magia e disse aos patrões que poderia curar a filha deles, em troca da sua liberdade. Eles aceitaram e foi feito um ritual onde mataram uma menina negra de 9 anos, que teve sua vida trocada com a sinhazinha.

    A sinhazinha se curou, teve uma vida normal e morreu aos 40 anos por complicações no parto de seu oitavo filho, que seria uma menina, a menina que morreu aos 9 anos para que ela vivesse. Uma curiosidade é que a sinhazinha depois da troca de vida assumiu os traços da personalidade na negrinha, que ficou literalmente grudada a ela e no astral foi crescendo junto com a sinhazinha.

    A negrinha tinha uma personalidade muito forte, era inteligente e muito determinada, talvez por isso o pai-de-santo a escolheu. A sinhazinha que era criada para ser uma princesinha obediente se tornou uma moça e mulher que questionava tudo e exigia os mesmos direitos que os homens, não aceitava ser obediente ao marido, se via como igual, porque estava numa espécie de simbiose com o espírito da menina da troca de vida

    Essa vida passada foi nos anos 1700 e embora a sinhazinha tenha tido outras encarnações depois dessa, a negrinha não teve, pois no ritual de troca de vida ela foi amarrada a consulente como sua escrava, e mesmo querendo se libertar ela não conseguia. Este espírito que foi sacrificado tinha muito ódio da consulente, pois além de ter morrido naquela vida para que a sinhazinha vivesse ainda ficou escravizada a ela no astral.

    Nós desmanchamos o feitiço de troca de vida, que nesse caso pode ser chamado também de arquepadiado grego épados (magia) e archaios (antigo), um feitiço/magia feito há muito tempo mas que continua ativo. Esse feitiço de troca de vida mantinha a negra escravizada à consulente mesmo tendo já se passado alguns séculos. Nós resgatamos a escrava negra juntamente com cerca de 300 espíritos de negros escravizados que ainda viviam no astral da fazenda e região próxima.

    Quanto a consulente, antes de a levarmos para tratamento num hospital do astral, ainda tiramos um outro espírito que a acompanhava, um amante de outras vidas que a induzia a fumar, porque na vida onde era amantes eles sempre fumavam depois do sexo. Um dos filhos da consulente na vida atual também foi filho com esse amante naquela vida e o espírito do amante já tinha planos de, juntamente com a consulente depois que ele morrer, os dois ficarem vampirizando esse filho. 

Gelson Celistre


2 comentários:

  1. Mais um caso complicado e com entrelaçamento de vidas. Realmente o outro lado da vida não deve ser como aqui, ja que feitiços como esse ainda são conservados por séculos.

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  2. Realmente entre o ceú e a terra há muita coisa.

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