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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

A órfã

     Ao mesmo tempo que nossos desejos nos impulsionam e na busca de sua satisfação fazem nosso espírito se mover, e com isso vamos aprendendo e evoluindo, se não conseguirmos controlar ou ao menos direcioná-los para finalidades construtivas, acabamos por nos tornar escravos desses desejos. A obsessão por qualquer coisa é sempre prejudicial para nós, perseguir um sonho na verdade pode ser nosso maior pesadelo.

    A vida para as pessoas que nascem em famílias desprovidas de recursos materiais é sempre difícil em qualquer época da humanidade, e nascer como uma menina pobre e ainda ficar órfã então é uma situação muito difícil. Imagine essa situação há uns 600 anos. Nessas condições a pessoa se agarra a qualquer coisa que lhe dê esperança de uma situação melhor, até mesmo o que evidentemente é muito ruim.

    Uma órfã que desde criança trabalha em casas de famílias ricas para poder sobreviver chega aos seus 16 anos trabalhando como ajudante de cozinha na casa de uma família de posses, recebendo praticamente apenas o suficiente para sobreviver, de repente se vê assediada pelo filho dos patrões, um jovem um pouco mais velho que ela, que a estupra ali mesmo na cozinha onde a moça trabalha. A moça não tem a quem recorrer, outros serviçais viram o que aconteceu mas ninguém se atreve a falar nada, para sobreviver precisam suportar esse tipo de coisa.

    A moça passa a ser constantemente estuprada pelo rapaz, que a trata como se fosse um objeto disponível para o seu prazer. No entanto, em seu desespero a moça começa a fantasiar que ela e filho do patrão estão namorando, que ele a ama e que vão se casar. A violação de seu corpo se torna para ela uma esperança de uma vida melhor e essa situação se perpetua por algum tempo, até que a moça descobre que o rapaz ficou noivo de uma outra moça da sociedade.

    Seu mundo desaba, como o rapaz que ela imaginava já ser seu marido, que lhe desonrou, agora vai se casar com outra mulher? Desesperada ela o confronta, mas o rapaz zomba dele e ainda lhe agride e humilha, ele jamais se casaria com uma empregada vadia, a moça entra fica em choque, começa a gritar, diz que vai contar para a noiva dele e para todo mundo o que aconteceu, os pais do rapaz e outros serviçais aparecem e a moça é trancada dentro de um quarto enquanto a família do rapaz decide o que fazer.

    Os pais temem um escândalo que poderia atrapalhar o casamento do filho e decidem que precisam atacar a honra da moça para que ela não tenha credibilidade. Depois de alguns dia presa no quarto, sem receber comida nem água, a moça já está perturbada. A família do rapaz arruma um homem para tentar seduzir a moça, para que o filho não fique de responsável por ter tirado a honra da moça, o rapaz é introduzido no quarto da moça e tenta se aproximar dela, diz que ele também é orfão, que eles tem muitas coisas em comum, diz que vai ajudá-la, mas quando se insinua sexualmente a moça o repele e ele a estupra.

    A moça que já estava perturbada enlouquece de vez, os pais do rapaz temem que a situação tome proporções indesejadas e decidem dar um fim nela. Após mais de 10 dias presa no quarto sem se alimentar, a moça está sem forças e a família diz para os outros empregados que ela resolveu entrar para um convento e que eles vão realizar o desejo da moça por consideração aos serviços prestados. No primeiro bosque que cruzaram com sua carruagem o pai do rapaz degolou a moça e deixou seu corpo para os animais devorarem.

    Séculos mais tarde essa moça reencontra aquele rapaz que no passado ela fantasiou que a tiraria da vida de miséria que vivia. Ela jovem e ingênua, ele mais velho, casado, e já com uma carreira e certo prestígio. Ela não cede a tentativa de sedução, mas sente que existe uma ligação entre eles. Também no mesmo período encontrou o outro homem que a estuprou e também sente que existe alguma ligação entre eles, embora não consiga definir bem de que tipo. Mas ela ainda fantasia que o rapaz pode ser sua alma gêmea, o sonho da outra vida não morreu, mesmo tendo se tornado um pesadelo. 

    Sempre que reencontramos alguém com quem convivemos em vidas passadas os sentimentos positivos que existiram entre nós e a pessoa despertam primeiro, esse é um mecanismo da Lei do Karma e da reencarnação, para que se houve alguma desarmonia no passado esse primeiro contato sendo positivo possa levar essas duas consciências ao equilíbrio, mas os sentimentos e energias ruins não desaparecem, eles surgem aos poucos com o convívio com essa pessoa.

    O sonho da moça órfã não morreu com ela, tanto pelos choques emocionais pelos quais passou quanto por não aceitar a realidade. Nossos sonhos às vezes criam vida própria e passam a exigir de nós sua realização, por isso temos que ter muito cuidado com o que desejamos e o quanto estamos dispostos a suportar para que esses sonhos se realizem, muitas vezes é melhor pararmos de sonhar e simplesmente aceitar nossa realidade. 

    Pode parecer desalentador, mas atendemos muitas mulheres que vivem presas ao sonho de encontrar um amor, um companheiro, uma alma gêmea, e invariavelmente esse é o seu karma, uma eterna busca por um sonho que não pode ser vivido por elas nesse momento, por "n" razões kármicas. 

   Gelson Celistre

    

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