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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Os sonhos

     Os sonhos são bons indicativos daquilo que costumamos fazer quando os grilhões que nos prendem à matéria são afrouxados pelo adormecimento de nosso corpo físico. Recebi um e-mail de uma moça com a seguinte msg:

     "Gostaria de agendar um horário contigo pois a tempos sonho muito e a duas semanas tenho sonhado com pessoas mutiladas, sexta feira sonhei com o espirito de um senhor que me pediu para ir embora do meu apartamento e quando acordei ele estava ao meu lado da cama. Desde então tenho medo de ficar sozinha no meu apartamento, por isso estou dormindo na minha mãe.
Se puder me ajudar te agradeço muito."



     Pra bom entendedor meia palavra basta e agendei logo um atendimento pra ela. No dia da consulta a moça relatou ainda que no sonho com as pessoas mutiladas eles queriam estuprá-la e durante o atendimento ela lembrou que isso ocorria depois de ela ter se casado vestida 'toda de vermelho', tanto ela quanto o noivo.
     Tbm revelou que já havia se submetido a um atendimento apométrico num centro espírita aqui em minha cidade e que lá lhe disseram que ela tinha um 'amor de passado', um espírito que gostava dela e que a estava acompanhando, que esse ser era ligado à magia mas que ele foi 'encaminhado' por eles, para evoluir de uma outra forma.
     Inicialmente o que captamos foi um espírito que fora marido da consulente em vida passada, e que por conta das traições dela, que tinha um comportamento muito leviano segundo ele, começou a beber para suportar a vergonha e morreu na sarjeta. A médium que o recebeu inclusive falava com dificuldade por conta da 'embriaguez' do espírito. Conversamos um pouco e apesar dele sentir um pouco de raiva dela, queria esquecer o que passou. Antes de ajudá-lo nesse quesito, apagando da mente dele a lembrança da consulente, emiti um comando mental para que ele ficasse lúcido. Ele imediatamente ficou sóbrio e disse que havia muito tempo que não se sentia tão bem. Foi encaminhado sem dificuldades.
     Mal este saiu já iniciamos o diálogo com outro ser. Este era o tal 'amor de passado' dela e que foi visto no centro onde ela fez apometria, o mesmo que teria sido encaminhado naquele atendimento. A história deles daria um comovente drama teatral. Apaixonados, queriam se casar e viver felizes para sempre. Mas o pai da donzela afirmou que só entregaria a mão de sua filha a um bravo cavaleiro que a conquistasse num duelo de vida ou morte. Decididos a se casar, eis que o rapaz teve uma idéia mirabolante. Contratou um outro jovem para duelar com ele, sendo que durante o duelo seu oponente seria ferido mortalmente, após um valente combate onde ele impressionaria o pai da donzela por sua bravura.
     Entretanto, na realidade seria tudo uma armação, o seu adversário foi regiamente pago para fingir que perderia a luta e que morreria, devendo depois disso desaparecer daquele lugar e nunca mais voltar, a fim de que o pai da donzela nunca descobrisse a ardilosa trama. O plano era até simples, não fosse a paixão e a ganância do jovem que ele contratou, que resolveu ele mesmo casar com a consulente, pois este se interessou por ela e pelo dote dela que era muito grande e ele ficaria rico, além do ouro que já havia ganho. Durante o duelo, onde os cavaleiros se enfrentavam com lanças (era na época medieval), o nosso jovem apaixonado e inocente sucumbiu com a lança do traidor adversário cravada em sua cabeça, ao perfurar um de seus olhos.
     O traidor casou-se com a donzela que não podia recusar o seu pretendente por já ter provado do fruto proibido com seu amado e por estar esperando um filho dele, que agora estava morto. Seria um escândalo ela aparecer grávida de seu falecido amor e a solução seria o casamento. Porém, o destino ainda reservava muitas surpresas para a nossa jovem donzela. Seu agora marido sabia que o filho que ela esperava não era dele e sim do homem que ele matara e estava decidido a conquistar sua esposa.      Para conseguir isso ele planejou se tornar para ela um herói e como não tivesse um vilão para enfrentar, ele criou uma situação onde poderia demonstrar sua dedicação à mulher amada.
     Ele sequestrou o bebê e o deu a um bando de ciganos. Para a mulher ele disse que os ciganos sequestravam crianças pequenas para comer, em rituais bizarros. A mulher acreditou e ele garantiu a ela que iria procurar até encontrar o filho dela, tornando-se assim um benfeitor diante de seus olhos, apagando o crime vil que cometera ao matar o amado dela no duelo. Desde então empreenderam muitas buscas, sempre em vão, na tentativa de encontrar a criança.
     A consulente adquiriu um ódio mortal dos ciganos e de seus costumes bárbaros de comer crianças. Como fossem pessoas de posses, sempre que nas redondezas aparecia um bando de ciganos, eles os prendiam no calabouço de seu castelo e matavam as crianças ciganas, obrigando os pais a comerem seus corpos mutilados. Na mente perturbada da consulente naquela vida, ela achava que isso era uma forma de justiça: por haverem comido seu filho agora iriam comer os seus próprios. Ela nunca encontrou seu filho.
     Durante o atendimento, enquanto eu conversava com o 'amor de passado' da consulente e tentava fazer com que ele aceitasse nossa ajuda, esses seres eram resgatados por outros membros do grupo, pois se tratava de um bolsão de vítimas vivendo ainda no calabouço do castelo (plasmado na dimensão astral), e eles observaram que uma das crianças não foi junto com as demais. Tendo um dos médiuns perguntado o motivo para a equipe espiritual disseram que aquela criança era o filho da consulente naquela vida, que ela acabou obrigando os ciganos que a criaram a comê-la. Naquela vida o seu marido acabou enlouquecendo em função da obsessão ferrenha do homem que ele traiu e matou no duelo pela mão da consulente. Num acesso de loucura se jogou de um precipício.
     Não deu tempo de investigar mas provavelmente esse ser (o marido traidor) era o mesmo bêbado que socorremos no início. Um fato emocionante é que o 'amor do passado' da consulente estava muito resistente à idéia de sair de perto dela e eu não estava inclinado a retirá-lo à força, em razão do triste drama que ele viveu naquela existência, estava tentando convencê-lo com argumentos, mas quando surgiu a situação do filho dela que fora morto no calabouço, nos informaram que ele (que era o pai) não sabia da existência desse filho, pois não havia dado tempo dela contar a ele. Ele ficou muito emocionado e ambos, pai e filho, foram resgatados juntos, com a esperança de que no futuro possam renascer juntos novamente e realizar o sonho de viver como uma família.
     Enquanto se desenrolava essa situação, uma das médiuns viu o espírito de uma mulher, toda ensanguentada, arrastando um facão no chão e rindo como uma louca. Incorporada, ela proferiu adjetivos nada elogiosos sobre a consulente e, interrogada, disse que por conta da consulente arruinara sua vida. Ela estava meio demente mesmo e a conversação estava difícil, mas os médiuns captaram a situação, que foi a seguinte: essa mulher em outra vida passou muitas dificuldades financeiras e tendo procurado a consulente, que era uma bruxa, para que através da magia ela obtivesse bens, obteve algum sucesso e sua vida começou a melhorar.
     Decida a melhorar 'muito mais' de vida, tomada pela ganância, pediu para a bruxa (que era a consulente) um feitiço que lhe desse muita riqueza. A bruxa então a convenceu a sacrificar seu filho num ritual, prometendo que assim ele obteria tudo o que desejava. Ela cometeu o ato mas o remorso a venceu e ela enlouqueceu. Ofereci ajuda a ela mas ela não se achava merecedora, carregava um sentimento de culpa muito grande, achava que não merecia perdão. 
     Conversei muito com ela sobre perdão,mas mais uma vez foi a presença de um filho, o mesmo que ela matou nesse ritual, que propriciou uma mudança no ânimo do espírito com quem eu conversava. O filho foi trazido no estado em que ficou logo depois da morte, sem saber o que acontecera e sem entender nada do que aconteceu, assustado, mas desejando muito o amor de sua mãe. Ela acreditava que ela não a tinha perdoado mas a criança nem entendera o que houve com ela, queria apenas a mãe. Tbm foram juntos começar uma nova vida. 
     Nem deu tempo de nos refazermos disso tudo e eis que aparece um simpático senhor, embora cansado, reclamando da consulente, que se instalar em seu apartamento e não saía de jeito nenhum. Até na televisão dele ela se atrevia a mexer e mudava de canal, não deixando ele ver o que queria. Perguntei a ele como é que ela tinha entrado lá, se ele deixava a porta aberta, e ele disse que provavelmente foi a ex-mulher dele quem deu a chave a ela, só pra perturbar ele. Foi até meio cômica a situação de completa ignorância da morte desse senhor (morreu com mais de 70 anos), mas isso apenas reflete a falta de interesse pela espiritualidade das pessoas e isso é o que ocorre com a grande maioria das pessoas que morrem, não sabem que estão mortos, não aparece ninguém para lhes 'resgatar' e continuam vivendo em suas casas como se nada tivesse acontecido.
     Fiz ele lembrar como morreu, ele disse que caiu no chão, achou que tinha apenas desmaiado, mas fiz ele observar o corpo até que alguém apareceu  e levou. Fiz ele ver o corpo no necrotério e no caixão, para ele se convencer que realmente havia morrido. Depois a equipe espiritual o levou, acharam uma mulher que fora madrinha dele senão me engano, e a trouxeram para o acompanhar.
     Enquanto eu conversava com o tal senhor, outra frequência da consulente era acessada pelos médiuns. Essa, assim como a do ex-dono do apto onde ela mora, tbm estava diretamente ligada aos sonhos da consulente. Ela em outra vida fora uma bruxa que fazia rituais envolvendo sacrificios humanos e sexo. O que ela lembrava do sonho, que casava de vermelho e os mutilados queriam estuprá-la, na verdade eram reminiscências do que ela ainda fazia em desdobramento, onde sacrificavam pessoas, bebiam o sangue delas e se banhavam nele, e depois faziam sexo, com os mutilados observando. Na verdade essas mutilações eram oferendas para ela de seus seguidores, que a tinham quase como a uma deusa, e se mutilavam para agradá-la. Havia um enorme bolsão, não só dos tais mutilados mas das vítimas tbm, e foram todos resgatados.
     Observei que a consulente usava uma correntinha no pescoço com um pingente, o 'olho de hórus', um símbolo egípcio, e como nada é por acaso, senti que tinha alguma frequência dela ligada ao Antigo Egito que deveria abrir. Pedi aos médiuns para sintonizarem e não deu outra, lá estava a consulente, dançando e servindo a nobreza, em todos os sentidos. Era uma espécie de dançarina e garçonete, além de prestar serviços de 'cama' tbm.
     Bem, o caso é que ligado a ela nessa frequência, havia um jovem faraó e sua comitiva, ainda esperando algum ser que viria para levá-lo a um local onde ele seria adorado com o deus que era. Era um rapazinho de uns 12 anos e que morreu envenenado, adivinhem por quem?      Isso mesmo, pela nossa consulente-dançarina. Ele tinha um irmão que foi quem mandou a consulente o envenenar. Tbm incoporou um ajudante desse faraó que foi enterrado com ele para servi-lo e mais uma boa parte da comitiva que foi enterrada com ele, alguns já reencarnados, mas outros ainda vivendo no astral.
     O rapazinho era cheio de empafia e arrogância, até mostrei para onde ele iria se eu o desligasse da tumba e ele viu uma região que descreveu como "muita fria e cheia de gente morta", mas não quiz acreditar que iria para lá, dizendo que eu estava fazendo magia e que isso eles conheciam bem. Por orientação da equipe apagamos a memória desses seres e eles os levaram.
     Como a consulente já havia passado por um centro onde se submeteu a uma sessão de apometria e lhe disseram que haviam encaminhado o ser que encontramos ainda junto dela, resolvemos dar uma checada no local para ver se tinham amparo espiritual. Havíamos visto um bando de bruxas ao redor de uma fogueira, mas como a ligação delas com o tal centro é em função dos desejos e aspirações dos dirigentes, resolvi  deixá-las como estavam.
     Estávamos comentando sobre o fato, mais um centro 'espírita' sem amparo espiritual, sendo dirigido por quem não tem uma intenção correta e nem conhecimento para a função, e acabamos puxando uma entidade ligado ao tal centro, o  'mentor'. Era uma mulher nua, com um corpo que segundo as médiuns era 'escultural', mas que tinha a cor cinza e de seus olhos escorriam lágrimas de sangue. Ela disse que apenas dá o que as pessoas querem, e se apresenta lá de várias formas e com vários nomes, exu, orixá, mestre ascensionado, etc. Tbm por ordem da equipe teve sua mente apagada.
     Já estávamos para encerrar o caso quando uma das médiuns disse que estava se sentindo tonta. Fomos averiguar e eis que a criatura estava desdobrada como refém do grupo de bruxas que havíamos visto antes. Disseram que a tomaram como refém para garantir que não iríamos fazer nada contra elas e nessa hora, como eu dei um comando de reacoplamento para a médium, elas estavam tentando prender uma outra médium. Bom, aí tbm já foi demais. Eu não iria mexer com elas pq estavam ali por sintonia com os dirigentes do tal centro, que nós já conhecíamos de outros embates no astral, pois estavam ligados a seres trevosos, mas depois desse ataque deliberado, resolvi cortar as asinhas do bando de bruxas. Passamos um furacão onde elas estavam e apagamos a mente de todas, botamos numa bolha e entregamos para a equipe espiritual.

Quantas coisas podem estar ocultas em nossos sonhos...


Gelson Celistre.