Desobsessão

     A desobsessão é um tratamento efetuado em pessoas que estejam sob a influência de algum espírito. Essa influência de um espírito sobre outro é chamada de obsessão e geralmente é causada por um espirito desencarnado sobre um encarnado, mas também pode ocorrer em sentido contrário, de um encarnado sobre um desencarnado, e ainda entre duas pessoas encarnadas.

    No espiritismo kardecista o método tradicional de desobsessão é a doutrinação, que ocorre através de uma conversa entre o doutrinador e o espírito obsessor, estando este incorporado num médium. A técnica consiste basicamente em convencer o obsessor a desistir da obsessão, e como os espíritas acreditam que não podem obrigar o obsessor a desistir da obsessão, porque isso seria interferir em seu livre-arbítrio e eles consideram isso errado, a eficácia desse método é muito precária. E comum obsessores serem doutrinados em várias sessões, até durante anos, sem que se chegue a uma conclusão ou melhora na situação. 

    E a pessoa que está sendo obsidiada o que lhe prescrevem é que faça sua reforma íntima, pois segundo supõem, se a pessoa já tivesse se melhorado, elevado sua vibração, não seria alvo de obsessão, pois o espírito obsessor, que tem uma baixa vibração, não teria acesso a ela. Essa é uma visão bem simplista da situação e desconsidera vários fatores que podem estar envolvidos, mas nos atendo apenas a questão do livre-arbítrio, podemos afirmar que assim como o espírito tem o direito de atacar, o obsidiado tem o direito de se defender, e no método do kardecismo eles priorizam o espírito, como se apenas ele tivesse razão na questão que o envolve com o obsidiado. Sem conhecer a história dos dois, eles dão razão para o espírito e consideram o obsidiado culpado e merecedor da obsessão.

    Um dos motivos para o kardecismo ser contra a apometria é porque nós prendemos os obsessores, e segundo eles estamos violando a liberdade do espírito, seu direito ao livre-arbítrio de obsidiar, de cobrar do obsidiado alguma falta que este lhe fez em vida passada. Quem já leu alguns posts meus sabe que o recurso que eu mais utilizo é apagar a mente do obsessor, fazendo ele esquecer o motivo de estar obsidiando alguém, e o encaminhamos geralmente para reencarnação.

    Na apometria temos outros métodos que podem ser usados para uma doutrinação, podemos mostrar ao espírito como ele vai ficar no futuro se persistir no que está fazendo, podemos até elevar a vibração dele para que tenha acesso a uma dimensão superior no astral, mas o uso dessas técnicas depende, no meu caso, de eu sentir que não se trata de um espírito realmente mau, mas de um espírito que está apenas magoado por ter sofrido algum mal.

    O caso que vou relatar demonstra bem a ineficácia do método tradicional de doutrinação kardecista. Um moça jovem se enamora por um rapaz, formam um par perfeito, ambos apaixonados, e de repente o rapaz muda o comportamento, se torna frio, hostil, apresenta repulsa e raiva da moça, e os dois terminam o relacionamento. A moça passa a ter crises nervosas, entra em depressão, e mesmo ele tendo terminado o namoro, a culpava pelo fim da relação. A moça fragilizada tenta o suicídio aos 18 anos de idade ingerindo medicamentos. Sobreviveu mas ficou em coma por dois dias.

    Após se recuperar fisicamente deste incidente ela procurou ajuda num centro espírita kardecista. Participou de várias sessões onde um espírito se manifestava dizendo que ela lhe pertencia e que não permitiria que ela fosse de mais ninguém. Ela é minha, minha!, bradava o espírito. Após longos meses de tratamento ela teve alguma melhora, mas no próprio centro espírita lhe aconselharam a procurar um centro de umbanda, pois ali não conseguiriam efetivamente tratar o caso. A moça foi em um centro de umbanda onde fez limpezas e tratamentos, mas obteve pouca melhora segundo ela.

    Em meio a tudo isso ela fez faculdade, se formou, e paralelamente fez estudos esotéricos e espiritualistas, chegando a morar numa comunidade alternativa em regime de celibato por três anos. De volta ao convívio familiar tentou retomar sua vida, trabalhar, namorar, e chegou a ter um relacionamento por alguns anos, mas se repetiu o quadro do primeiro namoro, tentou mais duas vezes e a situação foi a mesma. A situação descrita pela moça foi a seguinte:

"Sempre que inicio um relacionamento afetivo o caso se repete, eu entro num estado depressivo, a mente fica pesada, peso nos ombros, sensação de sufocamento, forte opressão com fortes crises de ansiedade, vontade imensa de chorar, intensa apatia, irritação, nervosismo e pesadelos, me sinto como se estivesse sendo "comprimida", prensada ao extremo, algo me sufoca a garganta, sensação de ser achatada, presa, tenho fortes tremores e fortes ânsia de vômitos, uma pressão tão densa que atravessa  o peito e chega nas costas. Uma sensação de estar com os pés mergulhados em água e as mãos numa tomada elétrica. Sinto que algo me arrasta para um abismo …"

     A mulher já conhecia meu trabalho pela internet e após uma noite de "... intensos pesadelos, sonhos desconexos, acordo de sobressalto, a sensação de peso mesmo estando deitada, sufocamento, e, mentalmente me veio a ideia de buscar ajuda com o Gelson." Detalhe, entre a desobsessão no centro espírita e hoje, já se passaram 30 anos.

    Quando nós fizemos o atendimento vimos junto dela o tal espírito que dizia que ela lhe pertencia, que não seria de mais ninguém, sim, aquele espírito que tentaram doutrinar quando ela tinha 18 anos no centro kardecista. Esse espírito boicotava os relacionamentos dela porque não queria que ela tivesse ninguém além dele. 

    O espírito dizia que era dono dela, parecia enlouquecido e de fato não estava num estado normal de consciência, mas o mais triste dessa história é que este espírito foi enganado por um outro obsessor dessa mulher, ele na realidade não a amava. Esse espírito enlouquecido teve um amor juvenil numa vida passada, era apaixonado por uma moça que morreu de uma doença aos 14 anos, ele tinha 16 anos, e nunca a esqueceu. Um outro obsessor da mulher sabendo que esse espírito estava enlouquecido o convenceu de que essa mulher era a que ele amava naquela vida e a deu para ele.

    O verdadeiro amor desse espírito enlouquecido está atualmente desencarnado e trabalha na nossa equipe espiritual, em postos de socorro no umbral, já sabia que ele estava com essa mulher há algum tempo, mas só agora ela obteve merecimento para que essa situação fosse resolvida. Um problema de 30 anos que resolvemos em 3 minutos. Quando mostramos ao espírito a mulher que ele realmente amava ele a princípio ficou confuso, não queria acreditar, mas quando sentiu a energia dela caiu em prantos.

    O obsessor que armou essa situação toda tinha a ver com uma vida passada da mulher onde ela foi um homem, um senhor feudal despótico, exigia muito dos servos, abusava das aldeãs, estuprou a filha do obsessor que acabou se matando, matou os filhos e a mulher dele, que jurou se vingar um dia. Resgatamos cerca de 900 espíritos nessa frequência, inclusive os familiares do obsessor, que nem precisamos apagar a mente, quando viu sua família sendo resgatada já quis ir junto.

   Essa é uma clara diferença entre uma desobsessão apométrica e uma ao estilo tradicional kardecista. A meu ver o kardecismo precisa fazer uma revisão em seus métodos, rever alguns conceitos a meu ver equivocados, como essa questão do livre-arbítrio do obsessor, e também qualificar os doutrinadores para utilizar melhor a capacidade dos médiuns, a fim de realizar um trabalho de desobsessão mais eficiente.

Gelson Celistre