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terça-feira, 13 de novembro de 2018

O imediato

     Uma viagem de navio parece evocar alguma coisa nas pessoas que as predispõe ao romance. Talvez a imensidão do mar as faça se sentirem pequenas e solitárias e isso provoque nelas uma necessidade de buscar uma relação. Nossa história começa algumas centenas de anos atrás, num navio que cruzava os mares, e termina nos dias de hoje, com um casal se divorciando.

Imediato: o oficial cuja função vem imediatamente abaixo a do comandante
de um navio, é quem assume o comando da embarcação em caso de incapacidade,
de impedimento ou morte do capitão.
     Esse casal já se conhecia de outra vida, onde o que era para ser um romance na visão de um deles, se tornou uma tragédia. O homem de hoje era o capitão de um navio de passageiros e era muito assediado pelas mulheres, tanto por seu porte elegante quanto por seu cargo de prestígio. A mulher de hoje era seu imediato, era um homem homossexual e era apaixonado pelo capitão, que era heterossexual e nem suspeitava dos sentimentos de seu imediato. O imediato odiava as mulheres, principalmente as de seios voluptuosos, pois eram as preferidas do capitão. 
     Decidido a "proteger" seu amado do assédio, o imediato, que também era um psicopata, passou a sequestrar e matar as mulheres que se interessavam pelo seu capitão. Naquela época não era incomum as pessoas caírem dos navios ou então sumirem em algum porto onde atracavam. Mas o rapaz não as matava simplesmente, ele as agredia e torturava cruelmente, provocando sequelas irreparáveis naquelas que não morriam. O imediato, para manter sua sexualidade oculta dos demais marinheiros, costumava frequentar os bordéis dos portos por onde passavam, mas apenas para descarregar sua raiva e batia nas prostitutas covardemente, apenas porque elas eram mulheres e ele não. Algumas figavam tão desfiguradas que não conseguiam mais trabalhar.
     Mas além disso, o imediato tinha uma mania bizarra surgida por conta da predileção de seu capitão por mulheres com seios voluptuosos: ele cortava fora os mamilos das mulheres que atacava e os guardava num pequeno baú. Durante anos ele cometeu inúmeros crimes que nunca foram descobertos, até que um dia criou coragem e decidiu se declarar ao capitão. O jovem se travestiu com um vestido e se apresentou ao capitão, declarando seu amor eterno, dizendo a ele que não se importava de ser sua "amante" em segredo, desde que ele não procurasse mais mulheres. Não bastasse isso ele ainda mostrou ao capitão um baú com os mamilos das mulheres que ele assassinou, como mostra de seu amor.
     O capitão ficou horrorizado com a cena protagonizada pelo seu imediato e cortou totalmente as esperanças dele de ter algum relacionamento "antinatural" com ele, de maneira bastante enérgica. O imediato não conseguiu aceitar a situação e cometeu suicídio.
     Na vida atual, o casal agora como homem e mulher, se encontrou novamente, se casaram, tiveram uma filha, e o casamento que já estava falido há anos, terminou em divórcio. 
     A mulher recentemente foi operada de um nódulo no seio que surgiu por conta de suas atividades domésticas, mais especificamente o corte de carnes, pois ela trabalha no ramo de alimentação. O nódulo é um resquício energético kármico dos atos dela da vida passada de cortar os mamilos das mulheres e foi por conta da operação para retirada desse nódulo que essa frequência se abriu.  Acabamos resgatando as vítimas do imediato da outra vida, pois muitas ainda estavam ligadas a essa situação, além de outros espíritos ligados às vítimas que queriam vingança e que passaram a obsidiá-la após a operação, pois quando a frequência abriu muitos a encontraram.
     Em muitos casos onde as pessoas pensam estar amando alguém isso não passa de uma obsessão, porque em alguma vida passada queriam e não conseguiram um relacionamento com essa pessoa. É raro encontrarmos situações como essa quando na vida anterior o casal realmente viveu junto, pois a convivência revela como nós somos realmente e isso destrói as ilusões que o outro cria sobre nós. Nesses casos uma vida só basta e geralmente damos graças a Deus pelo "até que a morte os separe", pois não queremos mais encontrar a pessoa em outras vidas.
     Nos casos onde a relação não chega a ocorrer nossa mente se fixa e armazena apenas as ilusões que ela criou sobre o outro e passa a fantasiar como maravilhosa uma relação que nunca ocorreu realmente. Aí numa outra vida você encontra essa pessoa e sua mente traz de volta aquele "amor", e na grande maioria dos casos a pessoa quando acaba se relacionando com essa outra vive em sofrimento, mas acreditando que ela é o grande amor da sua vida e não se rende às evidências de que o melhor é seguir cada um o seu caminho.
     
Gelson Celistre