A literatura tradicional espírita é recheada de casos onde equipes socorristas vagam pelo umbral resgatando os espíritos que foram menos maus em vida e que se arrependeram de seus pecados. Essas equipes existem sim, mas em número muito inferior ao de espíritos necessitados de ajuda, principalmente porque muitos espíritos não se enquadram nos critérios estabelecidos por essas equipes para poderem ser resgatados.
O problema desses romances a meu ver é que fazem crer que essas equipes socorristas atendem a todos indistintamente e ser resgatado é algo tido como certo depois que se morre, bastando se arrepender e fazer uma oração. A realidade que vislumbramos no dia a dia fazendo resgates no umbral e em regiões abismais do astral é bem diferente, pois encontramos espíritos em sofrimento há séculos ou milênios sem que nenhuma equipe socorrista tenha sequer se aproximado do local, e muitos sem sequer ter consciência de onde estão, o que derruba por terra o critério de se arrepender, pois se o espírito morreu em extremo sofrimento e nem tem consciência de estar morto, como se arrepender?
Fomos contratados para resgatar uma senhora que faleceu em março do ano passado. Ela já tinha mais de 70 anos, havia sofrido um AVC e algum tempo depois a encontraram caída no chão desfalecida. Rastreamos a senhora e a encontramos num lixão de almas, ainda tonta, com muito enjoo, sendo transportada numa espécie de esteira para dentro de um buraco.
O termo lixão de almas pode parecer pejorativo, mas é o mais fiel à realidade do que encontramos nesse local, assim como em vários outros similares, em lixões hospitalares no astral. Esse lixão de almas era uma pilha enorme de corpos com cerca de 150.000 espíritos, que serviam de alimento, literalmente, para um besouro gigantesco, cuja altura é o equivalente a um prédio de 20 andares.
Esse besouro gigante foi um comandante militar entre os anos 200 e 300 da era cristã, na Europa oriental, e foi extremamente cruel, uma pessoa que sentia prazer em provocar o terror em suas vítimas. Ele ainda em vida se desdobrava e aprisionava no astral as pessoas que ele matava e esse lixão todo é de espíritos que foram suas vítimas ou ligados a ele de alguma forma. Além de se alimentar do corpo astral desses espíritos, os que conseguem reencarnar ele fica vampirizando e quando morrem são atraídos para esse lixão, que foi o caso da senhora que resgatamos, que foi uma das mais de 100 amantes que ele teve naquela vida, e embora não tivesse nenhum sentimento amoroso por ela, a tinha como uma posse, uma propriedade sua.
Nós efetuamos o resgate dessa senhora e dos mais de 150.000 espíritos que estavam amontoados e que seriam devorados por esse espírito que se transformou nesse monstro. No buraco para onde ele transportava os espíritos que iria devorar, havia mais de 50.000 ovoides, que é o que sobra do espírito no astral quando perde seu corpo astral. Nossa equipe espiritual efetuou o resgate desses ovoides também. Quanto ao besouro gigante, fiz ele voltar à sua forma humana e apaguei sua mente, nem perguntei o destino que nossa equipe vai dar a ele, mas provavelmente será exilado.
Gelson Celistre
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